- Mas é um romance! - exclamou a Sr.ª Forrester. - Há uma dama ofendida, um tesouro de meio milhão, um canibal preto e um bandido com uma perna de pau. Fazem o papel do dragão ou do conde malvado convencionais.
- E dois cavaleiros andantes para ajudar - acrescentou a Menina Morstan, lançando-me um olhar brilhante.
- Ora, Mary, a sua fortuna depende do resultado desta investigação. Não me parece muito entusiasmada. Imagine só o que é ficar rica e ter o mundo a seus pés!
Senti uma certa alegria no meu coração por não notar nela qualquer sinal de excitação perante tal possibilidade. Pelo contrário, sacudindo orgulhosamente a cabeça para trás, deu a entender que o assunto pouco lhe interessava.
- É com o Sr. Thaddeus Sholto que estou preocupada - afirmou. - Nada mais tem importância. Acho que ele foi extremamente amável e honesto. É nosso dever livrá-lo daquela acusação terrível e infundada.
Anoitecia quando deixei Camberwell. Ao chegar a casa, já estava bastante escuro. Vi o livro e o cachimbo do meu companheiro ao pé da cadeira, mas ele desaparecera. Olhei em volta, esperando que tivesse deixado uma mensagem. Não havia nenhuma.
- Creio que o Sr. Sherlock Holmes saiu - disse à Sr.ª Hudson, quando ela entrou na sala para descer as persianas.
- Não, senhor. Foi para o quarto. Sabe - segredou ela em voz muito baixa -, receio que ele não esteja muito bem de saúde.