- Porquê, Sr.ª Hudson?
- Bem, está tão estranho. Depois de o senhor ter saído andou para trás e para diante, para trás e para diante; já estava farta de lhe ouvir os passos. Depois começou a falar sozinho e a resmungar. Sempre que tocava a campainha vinha ao topo das escadas e perguntava: «Quem é, Sr.ª Hudson?» E agora fechou-se no quarto, mas continuo a ouvi-lo andar de um lado para o outro como há bocado. Espero que não adoeça. Aventurei-me a dizer qualquer coisa sobre um remédio calmante, mas voltou -se para mim com um tal olhar que nem sei como consegui sair da sala.
- Creio que não precisa de se preocupar - disse eu. - Já tenho visto assim. Anda a pensar em qualquer coisa que inquieta.
Tentei tranquilizar a nossa prestável senhoria, mas eu próprio fiquei um pouco preocupado quando, ao longo da noite, continuando a ouvir de tempos a tempos o som arrastado das suas passadas, percebi como o seu espírito exaltado sofria com aquela inacção involuntária.
À hora do pequeno-almoço, Holmes aparentava grande cansaço e tinha o rosto um pouco corado pela febre.
- Está a dar cabo de si, meu velho - observei. - Ouvi-o andar de um lado para o outro durante toda a noite.
- Não consegui dormir - respondeu. - Este problema diabólico está a consumir-me. Não aceito que falhemos devido a um obstáculo insignificante, quando todos os outros foram já ultrapassados. Conheço os homens, a lancha, tudo; mas não chegam notícias. Já pus mais gente a trabalhar e socorri-me de todos os meios de que dispunha. Foram feitas buscas em todo o rio, nas duas margens, mas sem resultado. A Sr.ª Smith também nada soube acerca do seu marido.
. Ver-me-ei em breve obrigado a admitir que afundaram a lancha. Mas há objecções em relação a isso.