A Harpa do Crente - Cap. 1: A SEMANA SANTA Pág. 12 / 117

Depois, o gládio do anjo entre os dois bandos

Ficou, única luz, que se estirava

Desde o cruzeiro ao pórtico, e feria

De reflexo vermelho os largos panos

Das paredes de mármore, bem como

Mar de sangue, onde inertes flutuassem

De humanos vultos indecisas formas.

XII

E seguia a visão. Do templo à esquerda,

Mestas as faces, inclinada a fronte,

Da noite as larvas tinham sobre o solo

Fito o espantado olhar, e as dilatadas

Baças pupilas lhes tingia o susto.

Mas, como zona lúcida de estrelas,

Nessa atmosfera crassa e afogueada

Pela espada rubente, refulgiam

Da direita os espíritos, banhado

De inenarrável placidez seu gesto.

Era inteiro o silêncio, e no silêncio

Uma voz ressoou: «Eleitos, vinde!

Ide, precitos!» Vacilava a Terra,

E ajoelhando eu me curvei tremendo.





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