XIII
Quando me ergui e olhei, no céu profundo
Um rastilho de luz pura e serena
Se ia embebendo nesses mares de orbes
Infinitos, perdidos no infinito,
A que chamamos o universo. Um hino
De saudade e de amor, quase inaudível,
Parecia romper desde as alturas
De tempo a tempo. Vinha como envolto
Nas lufadas do vento, até perder-se
Em sossego mortal.
O curvo tecto
Do templo, então, se condensou de novo,
E para a Terra o meu olhar volveu-se.
Da direita os espíritos radiosos
Já não estavam lá. Chispando a espaços,
Qual o ferro na incude, a espada do anjo
O mortiço rubor mandava, apenas,
D’aurora boreal quando se extingue.
XIV
Prosseguia a visão. Da esquerda às sombras
Ansiava o seio a dor: tinham no gesto
Impressa a maldição, que lhes secara
Eternamente a seiva da esperança.