A Harpa do Crente - Cap. 1: A SEMANA SANTA Pág. 14 / 117

Como se vê, em noite estiva e negra,

Cintilar sobre as águas a ardentia,

Dumas frontes às outras vagueavam

Cerúleos lumes no esquadrão dos mortos,

E ao estalar das lousas, grito imenso

Subterrâneo, abafado e delirante,

Inefável compêndio de agonias,

Misturado se ouviu com rir do Inferno,

E a visão se defez. Era ermo o templo:

E despertei do pesadelo em trevas.

XV

Era loucura ou sonho? Entre as tristezas

E os terrores e angústias, que resume

Neste dia e lugar a avita crença,

Irresistível força arrebatou-me

Da sepultura a devassar segredos,

Para dizer: «Tremei! Do altar à sombra

Também há mau dormir de sono extremo!»

A justiça de Deus visita os mortos,

Embora a cruz da redenção proteja

A pedra tumular; embora a hóstia

Do sacrifício o sacerdote eleve

Sobre as vizinhas aras.





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