A Harpa do Crente - Cap. 3: A ARRÁBIDA Pág. 38 / 117

V

Escalvado penedo, que repousas

Lá no cimo do monte, ameaçando

Ruína ao roble secular da encosta,

Que sonolento move a coma estiva

Ante a aragem do mar, foste formoso;

Já te cobriram cespedes virentes;

Mas o tempo voou, e nele envolta

A formosura tua. Despedidos

Das negras nuvens o chuveiro espesso

E o granizo, que o solo fustigando

Tritura a tenra lanceolada relva,

Durante largos séculos, no Inverno,

Dos vendavais no dorso a ti desceram,

Qual amplexo brutal de ardos grosseiro,

Que, maculando virginal pureza,

Do pudor varre a auréola celeste,

E deixa, em vez de um serafim na Terra,

Queimada flor que devorou o raio.

VI

Caveira da montanha, ossada imensa,

É tua campa o Céu: sepulcro o vale

Um dia te será. Quando sentires

Rugir





Os capítulos deste livro