Formoso ermo do Sul, outra vez, salve!
IV
Negro, estéril rochedo, que contrastas,
Na mudez tua, o plácido sussurro
Das árvores do vale, que vicejam
Ricas d’encantos, coa estação propícia;
Suavíssimo aroma, que, manando
Das variegadas flores, derramadas
Na sinuosa encosta da montanha,
Do altar da solidão subindo aos ares,
És digno incenso ao Criador erguido;
Livres aves, vós filhas da espessura,
Que só teceis da natureza os hinos,
O que crê, o cantor, que foi lançado,
Estranho ao mundo, no bulício dele,
Vem saudar-vos, sentir um gozo puro,
Dos homens esquecer paixões e opróbrio,
E ver, sem ver-lhe a luz prestar a crimes,
O Sol, e uma só vez pura saudar-lha.
Convosco eu sou maior; mais longe a mente
Pelos seios dos Céus se imerge livre,
E se desprende de mortais memórias
Na solidão solene, onde, incessante,
Em cada pedra, em cada flor, se escuta
Do Sempiterno a voz, e vê-se impressa
A dextra sua em multiforme quadro.