A Harpa do Crente - Cap. 3: A ARRÁBIDA Pág. 46 / 117

E em luz pálida as faces lhe banhava:

E talvez neste raio o Pai celeste

Da pátria eterna lhe enviava a imagem,

Que o sorriso dos lábios lhe fugia,

Como se um sonho de ventura e glória

Na Terra de antemão o consolasse.

E eu comparei o solitário obscuro

Ao inquieto filho das cidades:

Comparei o deserto silencioso

Ao perpétuo ruído que sussurra

Pelos palácios do abastado e nobre,

Pelos paços dos reis; e condoí-me

Do cortesão soberbo, que só cura

De honras, haveres, glória, que se compram

Com maldições e perenal remorso.

Glória! A sua qual é? Pelas campinas,

Cobertas de cadáveres, regadas

De negro sangue, ele segou seus louros;

Louros que vão cingir-lhe a fronte altiva

Ao som do choro da viúva e do órfão;

Ou, dos sustos senhor, em seu delírio

Os homens, seu irmãos, flagela e oprime.





Os capítulos deste livro