A Harpa do Crente - Cap. 3: A ARRÁBIDA Pág. 48 / 117

férvidos ginetes, que alevantam

O pó e o lodo cortesão das praças;

E as gerações corruptas de teus filhos

Lá se revolvem, qual montão de vermes

Sobre um cadáver pútrido! Cidade,

Branqueado sepulcro, que misturas

A opulência, a miséria, a dor e o gozo,

Honra e infâmia, pudor e impudicícia,

Céu e Inferno, que és tu? Escárnio ou glória

Da humanidade? O que o souber que o diga!

Bem negra avulta aqui, na paz do vale,

A imagem desse povo, que reflui

Das moradas à rua, à praça, ao templo;

Que ri e chora, e, folga, e geme, e morre,

Que adora Deus, e que o pragueja, e o teme;

Absurdo misto de baixeza extrema

E de extrema ousadia; vulto enorme,

Ora aos pés de um vil déspota estendido,

Ora surgindo, e arremessando ao nada

As memórias dos séculos que foram,

E depois sobre o nada adormecendo.





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