A Harpa do Crente - Cap. 4: MOCIDADE E MORTE Pág. 62 / 117

.. Oh, foge, foge!

Um beijo ardente aos lábios teus voara:

E neste beijo venenoso a morte

Talvez este infeliz só te entregara!

Se eu pudesse viver... como teus dias

Cercaria de amor suave e puro!

Como te fora plácido o presente;

Quanto risonho o aspecto do futuro!

Porém, medonho espectro ante meus olhos,

Como sombra infernal perpétuo ondeia,

Bradando-me que vai partir-se o fio

Com que da minha vida se urde a teia.

Entregue à sedução enquanto eu durmo,

No turbilhão do mundo hei-de deixar-te!

Quem velará por ti, pomba inocente?

Quem do perjúrio poderá salvar-te?

Quando eu cerrar os olhos moribundos

Tu verterás por mim pranto saudoso;

Mas quem me diz que não virá o riso

Banhar teu rosto triste e lacrimoso?

Ai, o extinto só herda o esquecimento!

Um novo amor te agitará o peito:

E a dura lájea cobrirá meus ossos

Frios, despidos sobre térreo leito!.





Os capítulos deste livro