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Ó Deus, porque este cálix de agonia
Até as bordas de amargor me encheste?
Se eu devia acabar na juventude,
Porque ao mundo e a seus sonhos me prendeste?
Virgem do meu amor, porque perdê-la?
Porque entre nós a campa há-de assentar-se?
Tua suprema paz com gozo ou dores
Do mortal, que em ti crê, pode turbar-se?
Não haver quem me salve! e vir um dia
Em que de minha o nome ainda lhe desse!
Então, Senhor, o umbral da eternidade,
Talvez sem um queixume, transpusesse.
Mas, qual flor em botão pendida e murcha,
Sem de fragrâncias perfumar a brisa,
Eu poeta, eu amante, ir esconder-me
Sob uma lousa desprezada e lisa!
Porquê? Qual foi meu crime, ó Deus terrível?
Em te adorar que fui, senão insano?...
O teu fatal poder hoje maldigo!
O que te chama pai, mente: és tirano.