A Harpa do Crente - Cap. 4: MOCIDADE E MORTE Pág. 63 / 117

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Ó Deus, porque este cálix de agonia

Até as bordas de amargor me encheste?

Se eu devia acabar na juventude,

Porque ao mundo e a seus sonhos me prendeste?

Virgem do meu amor, porque perdê-la?

Porque entre nós a campa há-de assentar-se?

Tua suprema paz com gozo ou dores

Do mortal, que em ti crê, pode turbar-se?

Não haver quem me salve! e vir um dia

Em que de minha o nome ainda lhe desse!

Então, Senhor, o umbral da eternidade,

Talvez sem um queixume, transpusesse.

Mas, qual flor em botão pendida e murcha,

Sem de fragrâncias perfumar a brisa,

Eu poeta, eu amante, ir esconder-me

Sob uma lousa desprezada e lisa!

Porquê? Qual foi meu crime, ó Deus terrível?

Em te adorar que fui, senão insano?...

O teu fatal poder hoje maldigo!

O que te chama pai, mente: és tirano.





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