.. Oh, foge, foge!
Um beijo ardente aos lábios teus voara:
E neste beijo venenoso a morte
Talvez este infeliz só te entregara!
Se eu pudesse viver... como teus dias
Cercaria de amor suave e puro!
Como te fora plácido o presente;
Quanto risonho o aspecto do futuro!
Porém, medonho espectro ante meus olhos,
Como sombra infernal perpétuo ondeia,
Bradando-me que vai partir-se o fio
Com que da minha vida se urde a teia.
Entregue à sedução enquanto eu durmo,
No turbilhão do mundo hei-de deixar-te!
Quem velará por ti, pomba inocente?
Quem do perjúrio poderá salvar-te?
Quando eu cerrar os olhos moribundos
Tu verterás por mim pranto saudoso;
Mas quem me diz que não virá o riso
Banhar teu rosto triste e lacrimoso?
Ai, o extinto só herda o esquecimento!
Um novo amor te agitará o peito:
E a dura lájea cobrirá meus ossos
Frios, despidos sobre térreo leito!.