E se aos pés de teu trono os ais não chegam;
Se os gemidos da terra os ares somem;
Se a Providência é crença vã, mentida,
Porque geraste a inteligência do homem?
Porque da virgem no sorrir puseste
Santo presságio de suprema dita,
E apontaste ao poeta a imensidade
Na ânsia de glória que em sua alma habita?
A imensidade!... E que me importa herdá-la,
Se na Terra passei sem ser sentido?
Que val eterno vaguear no espaço,
Se nosso nome se afundou no olvido?
O ANJO-DA-GUARDA
Ímpio, silêncio! A tua voz blasfema
Da noite a paz perturba.
Verme, que te rebelas
Sob a mão do Senhor,
Vês os milhões d’estrelas
De nítido fulgor,
Que, em ordenada turba,
A Deus entoam incessantes hinos?
Quantas vezes apaga
Do livro da existência
Um orbe a mão