A Harpa do Crente - Cap. 4: MOCIDADE E MORTE Pág. 64 / 117

E se aos pés de teu trono os ais não chegam;

Se os gemidos da terra os ares somem;

Se a Providência é crença vã, mentida,

Porque geraste a inteligência do homem?

Porque da virgem no sorrir puseste

Santo presságio de suprema dita,

E apontaste ao poeta a imensidade

Na ânsia de glória que em sua alma habita?

A imensidade!... E que me importa herdá-la,

Se na Terra passei sem ser sentido?

Que val eterno vaguear no espaço,

Se nosso nome se afundou no olvido?

O ANJO-DA-GUARDA

Ímpio, silêncio! A tua voz blasfema

Da noite a paz perturba.

Verme, que te rebelas

Sob a mão do Senhor,

Vês os milhões d’estrelas

De nítido fulgor,

Que, em ordenada turba,

A Deus entoam incessantes hinos?

Quantas vezes apaga

Do livro da existência

Um orbe a mão





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