A Harpa do Crente - Cap. 4: MOCIDADE E MORTE Pág. 65 / 117

do Eterno!

E o belo astro que expira

Maldiz a Providência,

Maldiz a mão que o esmaga?

Acaso pára o cântico superno?

Ou apenas suspira

O moribundo,

Que se chamava um mundo?

Quem vai pôr uma campa sobre os restos

Desse inerte planeta,

Que o destrutor cometa

Incinerou na rápida passagem?

E tu, átomo obscuro,

Que varre à tarde a aragem,

Soltas do seio impuro

Maldição insensata,

Porque o teu Deus te evoca à eternidade?

Que é o viver? O umbral, a que um momento

O espírito, surgindo

Das solidões do nada

À voz do Criador, se encosta, e atento

Contempla a luz e o céu; donde desata

Seu voo à imensidade.

Geme acaso o passarinho

De saudade,

Quando as asas expande, e deixa o ninho

A vez primeira, a mergulhar nos ares?

Volve olhos lacrimosos

Aos mares tormentosos

O navegante, quando aproa às plagas

Da pátria suspirada?

Porque morres?! Pergunta à Providência

Porque te fez nascer.





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