Qual era o teu direito a ver o mundo
Teu jus à existência?
Olha no Outono o ulmeiro
Que o vendaval agita,
E cujas ténues folhas
Aos centos precipita.
São a folha do ulmeiro o nome e a fama,
E o amar dos humanos:
Ao nada do que foi assim se atiram
No vórtice dos anos.
Que é a glória na Terra? Um eco frouxo,
Que somem mil ruídos.
E a voz da Terra o que é, na voz imensa
Dos orbes reunidos?
Amor!, amor terreno!... Ai, se pudesses
Compreender a amargura,
Com que te choro, ó alma transviada!
Eu, que te amei do berço, e qual doçura
Há no afecto que liga o anjo ao homem,
Rindo despiras esse corpo enfermo,
Para te unir a mim, para aspirares
O gozo celestial de amor sem termo!
Alma triste, que mesquinha
Te debruças sobre o Inferno,
Ouve o anjo, pobrezinha;
Vem ao gozo sempiterno.