A Harpa do Crente - Cap. 4: MOCIDADE E MORTE Pág. 68 / 117

divina

Vem consolar a solidão do enfermo,

E a contemplar com placidez o ensina

De curta vida o derradeiro termo?

Oh, sim!, és tu, que na infantil idade,

Da aurora à frouxa luz,

Me dizias: «Acorda, inocentinho,

Faze o sinal da Cruz.»

És tu, que eu via em sonhos, nesses anos

De inda puro sonhar,

Em nuvem d’ouro e púrpura descendo

Coas roupas a alvejar.

És tu, és tu!, que ao pôr do Sol, na veiga,

Junto ao bosque fremente,

Me contavas mistérios, harmonias

Dos Céus, do mar dormente.

És tu, és tu!, que, lá, nesta alma absorta

Modulavas o canto,

Que de noite, ao luar, sozinho erguia

Ao Deus três vezes santo.

És tu, que eu esqueci na idade ardente

Das paixões juvenis,

E que voltas a mim, sincero amigo,

Quando sou infeliz.

Sinto a tua voz de novo,

Que me revoca a Deus:

Inspira-me a esperança,

Que te seguiu dos Céus!.





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