Resigna-te e espera, e os dias de prova
Serão para o crente quais breves instantes.
Tomar-te-ei nos braços no trance da morte,
Fendendo o infinito coas asas radiantes.
Depois, das alturas teu térreo vestido
Sorrindo veremos na Terra guardar
E ao hino de Hossana nos coros celestes
A voz de um remido iremos juntar.
A GRAÇA
Que harmonia suave
É esta, que na mente
Eu sinto murmurar,
Ora profunda e grave,
Ora meiga e cadente,
Ora que faz chorar?
Porque da morte a sombra,
Que para mim em tudo
Negra se reproduz,
Se aclara, e desassombra
Seu gesto carrancudo,
Banhada em branda luz?
Porque no coração
Não sinto pesar tanto
O férreo pé da dor,
E o hino da oração,
Em vez de irado canto,
Me pede íntimo ardor?
És tu, meu anjo, cuja voz