A Harpa do Crente - Cap. 6: A TEMPESTADE Pág. 78 / 117

meu clamor,

E dissera: «Sou livre, e tenho império;

Aqui, sou eu senhor!»

Quem se pudera erguer, como estas vagas

Em turbilhões incertos,

E correr, e correr, troando ao longe,

Nos líquidos desertos!

Mas entre membros de lodoso barro

A mente presa está!...

Ergue-se em vão aos céus: precipitada,

Rápido, em baixo dá.

Ó morte, amiga morte!, é sobre as vagas,

Entre escarcéus erguidos,

Que eu te invoco, pedindo-te feneçam

Meus dias aborridos:

Quebra duras prisões, que a natureza

Lançou a esta alma ardente;

Que ela possa voar, por entre os orbes,

Aos pés do Omnipotente.

Sobre a nau, que me estreita, a prenhe nuvem

Desça, e estourando a esmague,

E a grossa proa, dos tufões ludíbrio,

Solta, sem rumo vague!

Porém, não!... Dormir deixa os que me cercam

O sono do existir;

Deixa-os, vãos sonhadores de esperanças

Nas trevas do porvir.





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