VII
Assim, entre amarguras,
Me delirava a mente;
E o Sol ia fugindo
No termo do Ocidente.
E os fortes lá jaziam
Coa face ao céu voltada;
Sorria a noite aos mortos,
Passando sossegada.
Porém, a noite deles
Não era a que passava!
Na eternidade a sua
Corria, e não findava.
Contrários ainda há pouco,
Irmãos, enfim, lá eram!
O seu tesouro de ódio,
Mordendo o pó, cederam.
No limiar da morte
Assim tudo fenece:
Inimizades calam,
E até o amor esquece!
Meus dias rodeados
Foram de amor outrora;
E nem um vão suspiro
Terei, morrendo, agora,
Nem o apertar da dextra
Ao desprender da vida,
Nem lágrima fraterna
Sobre a feral jazida!
Meu derradeiro alento
Não colherão os meus.
Por minha alma aterrada
Quem pedirá a Deus?
Ninguém! Aos pés o servo
Meus restos calcará,
E o riso ímpio, odiento,
Mofando soltará.