A Harpa do Crente - Cap. 9: A VITÓRIA E A PIEDADE Pág. 98 / 117

IV

Fanatismo brutal, ódio fraterno,

De fogo céus toldados,

A fome, a peste, o mar avaro, as turbas

De inúmeros soldados;

Comprar com sangue o pão, com sangue o lume

Em regelado Inverno;

Eis contra o que, por dias de amargura,

Nos fez lutar o Inferno.

Mas de fera vitória, enfim, colhemos

A c’roa de cipreste;

Que a fronte ao vencedor em ímpia luta

Só essa c’roa veste.

Como ela torvo, soltarei um hino

Depois do triunfar.

Oh, meus irmãos, da embriaguez da guerra

Bem triste é o acordar!

Nessa alta encosta sobranceira aos campos,

De sangue ainda impuros,

Onde o canhão troou por mais de um ano

Contra invencíveis muros,

Eu, tomando o alaúde, irei sentar-me,

Pedir inspirações

À noite queda, ao génio que me ensina

Segredos das canções.

V

Reina em silêncio a Lua; o mar não brame,

Os ventos nem bafejam:

Rasas coa terra, só nocturnas aves

Em giros mil adejam.





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