O Garimpeiro - Cap. 6: VI- A RECUSA Pág. 55 / 147

Por fim desceu até a súplica; Lúcia respondeu mergulhando a cabeça entre as colchas do leito, em que estava assentada, e desatou em prantos e soluços. O velho comovido por um momento nada ousou responder a esta explosão de lágrimas e soluços, e retirou-se triste e desconcertado, mas não desanimado.

Como de costume, o jovem baiano apareceu à noite em casa do Major.

Lúcia, que até ali só sentira por Leonel a mesma indiferença que para com os anteriores pretendentes, agora experimentava também um certo afastamento, uma repugnância que mal podia dissimular. Já não via nesse homem um simples pretendente: era um ameaço vivo da sua felicidade, era a morte de suas esperanças, porque no fundo da alma Lúcia ainda nutria uma esperança, tímida, vacilante sim, mas era sempre uma esperança, e era ela que ainda lhe alimentava o coração, e dava-lhe coragem para viver.

E talvez, quem sabe? Com esse instinto admirável de que são dotadas certas mulheres, através das mais brilhantes exterioridades ela sabia penetrar no fundo dos corações, e achava em Leonel alguma coisa que lhe repugnava.

Quando Leonel entrou na sala, Lúcia descorou e estremeceu de modo que teria atraído a atenção de todos, se não fosse a fraca claridade que reinava na sala, iluminada então por uma só vela. Não escapou, porém, a Leonel aquele estremecimento de Lúcia; mas graças à sua vaidade o interpretou como efeito do alvoroço que lhe causava a sua presença, e o tomou como bom presságio. Se pudesse ver melhor o semblante da moça, teria notado nele a extrema palidez e uma expressão de angústia e de horror que o tiraria de seu engano.

Passados alguns minutos da conversação banal, Lúcia retirou-se para acalmar, ou antes para ocultar a agitação de seu espírito.





Os capítulos deste livro