A Guerra das Gálias - Cap. 6: LIVRO IV Pág. 87 / 307

Levados por esta esperança, os Germanos começavam já a espalhar-se e tinham chegado ao território dos Eburões e dos Condrusos que são clientes dos Tréviros. César, tendo convocado os principais da Gália, achou que devia dissimular o que soubera: tranquilizou-os, deu-lhes segurança, ordenou-lhes que fornecessem cavalaria e resolveu fazer guerra aos Germanos.

VII - Depois de se ter munido de provisões de trigo e ter recrutado os seus cavaleiros, pôs-se a caminho em direcção aos lugares onde se dizia que estavam os Germanos. Não ia a mais que uns dias de marcha, quando eles lhe enviaram delegados, que lhe disseram as seguintes palavras: «Os Germanos não começam a fazer guerra ao povo romano, mas não recusam a luta, se os atacam, porque os Germanos conservaram dos seus antepassados o hábito de se defender contra aqueles, sejam eles quem forem, que lhes façam guerra e de não implorar a paz; de resto, declaram que vieram contra a sua vontade, porque os expulsaram das suas casas. Se os Romanos quiserem realmente a sua aliança, eles podem ser amigos úteis: que lhes concedam terras ou que lhes deixem aquelas que conquistaram pelas armas. Eles não cedem senão aos Suevos, que os próprios deuses não poderiam igualar; não existe nenhum outro povo na terra que eles não possam vencer.

VIII - César respondeu a este discurso o que lhe pareceu melhor; porém, a sua conclusão foi que não podia haver amizade entre eles e ele, se continuassem na Gália; que não era justo que aqueles que não tinham podido defender as suas terras se apoderassem das de outrem; que não havia na Gália terreno vago que se pudesse dar sem injustiça, principalmente a multidão tão numerosa: mas que podiam, se quisessem, fixar-se no território dos Úbios, dos quais têm junto de si deputados, que se lamentam das violências dos Suevos e que pedem o seu socorro; que para tal obteria a permissão dos Úbios.





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