Prosseguiu o sargento-mor até que a filha assomou à janela da cozinha, dizendo:
- Venham daí o almoço.
- O senhor vai hoje ou fica? - perguntou, no caminho para casa, o velho.
- Vou dar as providências necessárias e voltarei, passados vinte dias, para ficar.
- Isso é decidido? É palavra de cavaleiro?
- Não mereço que o respeitável pai de Tomásia me faça essa pergunta.
- Desculpe à minha satisfação estas dúvidas. Boas são as venturas de que a gente duvida, quando as tem já na mão.
E abraçou-me com os olhos húmidos.
Estávamos à mesa. Tomásia, segundo o seu costume, andava da sala para a cozinha, levando e trazendo pratos e iguarias.
O pai mandou-a sentar ao meu lado.
Padre João, meu vizinho da direita, rolou o abdómen para dar lugar à sobrinha.
Tomásia parecia outra no acanhamento e não desfitava os olhos do pai.
- Tu que me queres rapariga, que olhas tão sisuda para mim? - disse ele. - Ó rapariga, o sangue parece que te quer saltar pela cara! É assim, é assim que eu vi a tua mãe há trinta e dois anos.