- Agora é melhor irmos - disse Kismine com doçura. - Tenho de estar com a mãe às onze horas. Não me pediste nem uma vez para te beijar. Julgava que hoje em dia os rapazes pediam sempre.
John endireitou-se, altivo.
- Alguns sim - respondeu - mas eu não. Em Hades as raparigas não fazem essas coisas.
Lado a lado, regressaram a casa.
VI
John encarou Mr. Braddock Washington em plena luz do sol. O homem tinha cerca de quarenta anos e um rosto orgulhoso e inexpressivo, olhos inteligentes e corpo robusto. De manhã cheirava a cavalos, aos melhores cavalos. Trazia uma bengala simples de vidoeiro cinzento com uma única e enorme opala como pega. Ele e Percy andavam a mostrar tudo a John.
- As instalações dos «escravos» são além. A bengala indicava um claustro de mármore à esquerda, que se estendia num gótico gracioso ao longo da encosta da montanha. - Quando era novo fui durante algum tempo desviado das coisas sérias da vida por um período de idealismo absurdo. Durante esse período eles viveram no luxo. Por exemplo, equipei-lhes todos os quartos com banheiras de azulejos.
- Imagino - arriscou John com uma gargalhada insinuante - que devem ter usado as banheiras para armazenar carvão. Mr. Schnlitzer-Murphy contou-me que uma vez...
- As opiniões de Mr. Schnlitzer-Murphy não têm grande importância, penso eu - interrompeu Mr. Braddock Washington friamente. - Os meus escravos não armazenavam carvão nas banheiras. Tinham ordem para tomarem banho todos os dias e tomavam mesmo. Se não tomassem eu teria mandado vir champô de ácido sulfúrico. Retirei as banheiras por outras razões. Muitos deles constipavam-se e morriam. A água não é boa para certas raças, excepto como bebida.
John riu-se e decidiu abanar a cabeça em sóbria concordância.