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Capítulo 2: Capítulo 2

Página 14

Foi tudo tão rápido e inesperado que Buck ficou atónito. Viu Spitz deitar a língua de fora naquele jeito que ele tinha de se rir; e viu François, de machado em riste, saltar para o meio daquele emaranhado de cães. Três homens de cacete ajudaram-no a dispersá-los. Não foi preciso muito tempo. Dois minutos após Curly ter sido derrubada, os últimos dos seus atacantes eram corridos à cacetada. Ela, porém, mole e sem vida, jazia praticamente desfeita na neve ensanguentada e pisada, enquanto o mestiço, sobre os seus restos, praguejava com violência. A cena veio repetidas vezes perturbar Buck no seu sono. Era então assim. Não havia honestidade. Uma vez no chão, era o fim. Pois bem, teria o cuidado de nunca se deixar derrubar. Spitz, tirando a Língua de foral riu de novo, e a partir dessa altura Buck passou a odiá-lo amarga e mortalmente.

Ainda mal se refizera do choque causado pela trágica morte de Curly, quando sofreu outro. François acabara de lhe colocar em cima um conjunto de tirantes e fivelas. Era um arreio, no género daqueles que vira os cocheiros do juiz colocarem sobre os cavalos. E, tal como vira fazer com os cavalos, assim ele foi obrigado a rebocar François num trenó até à floresta, na orla do vale, e voltar com um carregamento de lenha. Embora, na sua dignidade, se sentisse profundamente ferido por se ver assim transformado num animal de tiro, era demasiado inteligente para se rebolar. Com afinco e determinação, empenhou-se na tarefa, fazendo o melhor que podia, embora tudo aquilo fosse para ele uma novidade singular. François era severo e exigia urna obediência pronta, que ele conseguia à força do chicote; enquanto Dave, cão de larga experiência na sua posição junto dos patins, mordiscava nos quartos traseiros de Buck, sempre que este fazia alguma asneira. Spitz, igualmente experimentado, era quem ia à cabeça, e, como nem sempre podia chegar a Buck, não perdia a ocasião de lhe rosnar acerbadas repreensões; ou então, astuciosamente, atirava com todo o seu peso de encontro aos tirantes, de modo a obrigar Buck a seguir pelo caminho que devia. Buck aprendia com facilidade e, sob a direcção conjunta dos seus dois companheiros e de François, fez progressos notáveis. No regresso para o acampamento, já sabia o suficiente para parar ao grito de «Ai, oh!», avançar ao de «Anda!», inclinar-se todo nas curvas e manter-se afastado dos patins quando o trenó, carregado como ia, disparava encosta abaixo no encalço dos cães.

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Capa do livro O apelo da floresta
Páginas: 99
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Os capítulos deste livro:
Capítulo 6 67
Capítulo 7 82
Capítulo 1 1
Capítulo 2 13
Capítulo 3 23
Capítulo 4 39
Capítulo 5 50