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Capítulo 1: Capítulo 1

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Buck, porém, não era cão de interior nem de canil. Todo aquele domínio lhe pertencia. Mergulhava no tanque ou ia caçar com os filhos do juiz; escoltava Mollie e Alice, as filhas do juiz, nas longas passearas ao lusco-fusco ou de manhã cedo; nas noites de invernia deitava-se aos pés do juiz, diante da lareira crepitante da biblioteca; passeava os netos do juiz montados no seu dorso, ou rebolava-os na relva, e vigiava-lhes os passos através das mais turbulentas aventuras, que os levavam até aos bebedouros no pátio das cavalariças e ainda mais longe, para lá das cercas e dos morangais. Entre os terriers, ele impunha-se com altivez, enquanto pura e simplesmente ignorava Toots e Ysabel, pois ele era o rei—rei sobre tudo o que, trepando, rastejando ou voando, existia no sítio do juiz Miller, os homens inclusive.

Seu pai, Elmo, um gigantesco são-bernardo, fora o companheiro inseparável do juiz, e Buck fazia todo o possível por seguir as suas pisadas. Não era tão corpulento—pesava apenas sessenta e cinco quilos, pois sua mãe, Shep, fora uma pastara escocesa de raça. Apesar de tudo, os seus sessenta e cinco quilos, a que vinha juntar-se a dignidade que advém de uma vida regalda e o respeito universal, permitiam-lhe um porte deveras majestoso. Nos quatro anos que se seguiram à sua idade de cachorro vivera como um aristocrata instalado na vida; tinha grande orgulho em si próprio e sentia-se um pouco o centro de todas as coisas, como por vezes acontece com a aristocracia provinciana em virtude do seu isolamento. Escapara, porém, de se tornar num simples e mimalho cão de interior A caça e outros deleites que tais, ao ar livre, tinham-lhe evitado qualquer excesso de gordura e enrijecido os músculos; e nele, como nas corpulentas raças das regiões frias, a atracção pela água constituirá um tónico e um preservativo da saúde.

E assim vivia o cão Buck nos fins do ano de 1897, quando o filão de Klondike arrastou homens de todas as partes do mundo para as regiões frígidas do Norte. Mas Buck não lia o jornal e não sabia que Manuel, um dos ajudantes do jardineiro, era uma -relação indesejável. Manuel tinha um vício tremendo. Era um apaixonado dos jogos de azar. Para mais, dava neles mostras de uma fraqueza tremenda—acreditava num sistemas e essa era a sua perdição. É que para se seguir um sistema é necessário dinheiro, enquanto o salário de um ajudante de jardineiro mal chega para cobrir as necessidades de urna mulher e prole numerosa.

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Capa do livro O apelo da floresta
Páginas: 99
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Os capítulos deste livro:
Capítulo 6 67
Capítulo 7 82
Capítulo 1 1
Capítulo 2 13
Capítulo 3 23
Capítulo 4 39
Capítulo 5 50