O Retrato de Dorian Gray - Cap. 7: Capítulo 7 Pág. 112 / 335

Não nos mandaram ao mundo para fazermos estendal dos nossos preconceitos morais. Nunca faço caso do que dizem as pessoas vulgares e nunca me meto nos actos das pessoas encantadoras. Se uma pessoa me fascina, seja qual for o modo de expressão que ela adopte, é para mim absoluta-

mente delicioso. Dorian Gray enamora-se duma linda rapariga que representa Julieta e pretende casar com ela. Porque não? Se casasse com Messalina, nem por isso seria menos interessante. Você sabe que não sou paladino do casamento. O verdadeiro defeito do casamento é pôr termo ao egoísmo. E as pessoas que não são egoístas são incolores. Carecem de individualidade. Todavia, certos temperamentos há que o casamento torna mais complexos. Conservam o seu egoísmo e acrescentam-lhe muitos outros egos. São forçados a terem mais que uma vida. Tornam-se mais altamente organizados, e ser altamente organizado é, imagino eu, o objectivo da existência humana. Além disso, toda a experiência é valiosa, e, diga-se o que se disser contra o casamento, o que é certo é que é uma experiência. Espero que Dorian Gray casará com essa rapariga, a adorará apaixonadamente seis meses e depois se sentirá de repente fascinado por outra. Seria um estudo admirável.





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