- Mas pense na estirpe do Dorian, na sua situação, na sua riqueza. Seria para ele um absurdo casar com uma criatura de nível tão inferior.
- Se você quiser que ele case com essa rapariga, diga-lhe isso, Basil. Tenha a certeza de que o fará imediatamente. São sempre os mais nobres motivos que levam o homem a cometer as coisas mais estúpidas.
- Oxalá, Henry, que seja boa rapariga. Não quero ver o Dorian preso a qualquer criatura vil, que pudesse degradar-lhe o carácter e arruinar-lhe a inteligência.
- Oh, ela é melhor do que boa, é bela! - murmurou Lord Henry, levando aos lábios um copo de vermute com laranja amarga. - Dorian diz que é bela; e ele não erra muitas vezes em coisas dessas. O retrato que você lhe pintou aguçou nele o gosto pela aparência física das pessoas. Teve, entre outros, esse excelente efeito. Vamos vê-la esta noite, a não ser que ele se esqueça do combinado.
- Fala sério?
- Seriíssimo, Basil. Ai de mim, se pensasse que alguma vez viria a falar mais sério do que neste momento.
- Mas, aprova isto, Henry? - perguntou o pintor, passeando para lá e para cá e mordendo o lábio. - Você não pode aprová-lo. É um disparate.
- Eu agora nunca aprovo nem reprovo coisa alguma. É tomar para com a vida uma atitude absurda.