O Retrato de Dorian Gray - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 21 / 335

Que aprazível estava o jardim! E que deliciosas eram as emoções dos outros! - muito mais deliciosas as emoções do que as ideias, afigurava-se-lhe. A nossa alma e as paixões dos nossos amigos - eis as únicas coisas que na vida nos prendem e nos encantam.

Representou-se-lhe na imaginação a maçada do almoço a que faltara por se demorar tanto tempo com Basil Hallward. Se tivesse ido a casa de sua tia teria com certeza encontrado Lord Goodbody, e toda a conversa teria versado sobre a alimentação dos pobres e a necessidade de habitações-modelo. Cada classe teria pregado a importância daquelas virtudes para cujo exercício nenhuma necessidade havia nas suas vidas. Os ricos haveriam falado do valor da economia e os ociosos haveriam despejado torrentes de eloquência sobre a dignidade do trabalho. Que prazer em ter escapado a tudo isso! Ao pensar em sua tia, ocorreu-lhe subitamente uma ideia.

Voltou-se para Hallward e disse:

- Meu caro, recordei-me agora mesmo...

- De quê, Henry?

- De onde ouvi o nome de Dorian Gray.

- Onde foi? - perguntou Hallward, com um leve franzir das sobrancelhas.

- Não faça assim essa cara, Basil. Foi em casa de minha tia, Lady Agatha, Disse-me que descobrira um rapaz admirável, que a ia ajudar no East End, e que se chamava Dorian Gray.





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