A República - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 31 / 290

— Queres então que o persuadamos, se conseguirmos descobrir o meio, de que ele não está na verdade?

— Como não havia de querer? — disse ele.

— Se — continuei —, juntando as nossas forças contra ele e opondo discurso a discurso, enumerarmos os bens que a justiça proporciona, se ele replicar por seu turno e nós também, será necessário contar e avaliar as vantagens citadas por uma e outra parte em cada discurso e teremos necessidade de juízes para decidir; se, pelo contrário, como há pouco, debatermos a questão até mútuo acordo, nós seremos conjuntamente juízes e advogados.

— É verdade — disse ele.

— Qual destes dois métodos preferes?

— O segundo.

— Ora então, Trasímaco, voltemos ao principio e responde-me. Pretendes que a injustiça total é mais proveitosa do que a justiça total?

— Com certeza — respondeu —, e já disse por que razões.

— Muito bem, mas a tal respeito como entendes isto: chamas a uma virtude e à outra vicio?

— Sem dúvida.

— E é à justiça que chamas virtude e à injustiça vicio?

— É o que parece, muito encantador homem, quando digo que a injustiça é proveitosa e a justiça não o é!

— Como, então?

— O contrário — disse ele.





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