A República - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 8 / 290

— Seja. Ora, então, a quem e que dá a arte a que chamaremos justiça? — Se quisermos, Sócrates — respondeu ele —, estar de acordo com o que foi dito antes, distribui aos amigos e aos inimigos benefícios e danos.

— Portanto, fazer bem aos amigos, mal aos inimigos, é isso o que Simónides entende por justiça?

— Assim me parece.

— Ora, quem é mais capaz de fazer bem aos amigos que sofrem e mal aos inimigos, no que respeita à doença e à saúde?

— O médico.

— E aos navegadores, no que concerne os perigos do mar?

— O piloto.

— Mas que diremos do justo? Em que ocasião e por que obra é sobretudo capaz de ser útil aos amigos e prejudicial aos inimigos?

— Na guerra, para combater uns e aliar-se aos outros, parece-me.

— Bom. Mas, para os que não sofrem, meu caro Polemarco, o médico é inútil.

—É verdade.

— E, para os que não navegam, o piloto.

— Sim.

— De igual modo, para os que não fazem a guerra, o justo seria inútil?

— De maneira nenhuma, a meu ver.





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