Contos de Mistério - Cap. 5: A NOVA CATACUMBA
(The new catacomb) Pág. 107 / 167

- Não lhe direi uma palavra.

- Está muito bem. Era simplesmente uma fantasia da minha parte para me certificar se trairia tão facilmente o seu segredo como eu próprio faria desvendando-lhe a descoberta que fiz. Não quer e, aliás, já contava com isso. Mas nesse caso, como pode pensar que eu possa agir de modo diferente para consigo? Vamos, estão a dar dez horas na igreja de S. João de Latrão e é a altura de voltar para casa.

- Ainda não, espere um instante, Burger - disse Kennedy. - É realmente da sua parte um capricho ridículo querer que eu lhe dê pormenores acerca de uma intriga que já passou há vários meses. Sabe bem que todo o homem de honra considera um patife e um cobarde o homem que beija uma mulher e depois vai contar.

- Sou da sua opinião - respondeu o alemão, ao mesmo tempo que pegava no cabaz que continha os seus tesouros. - Assim sucede evidentemente quando alguém se permite contar as suas aventuras com uma jovem que até então não fez falar dela. Mas no que diz respeito àquela a que faço alusão, a aventura, como bem sabe, foi pública e fez um certo barulho em Roma. Nestas condições, não causaria nenhum prejuízo a Miss Mary Saunderson se me desse pormenores sobre os vossos amores. Mas, enfim, respeito os seus escrúpulos... Muito boa noite!

- Mais um momento, Burger - disse Kennedy enquanto assentava familiarmente a mão no ombro do camarada.

- Não lhe esconderei o interesse que dedico à descoberta da sua catacumba e não quero renunciar tão facilmente ao desejo que lhe exprimi. Peça-me, pois, em troca da sua confidência, qualquer coisa... menos excêntrica.

- Isso não. Recusou-me e está tudo dito - replicou Burger metendo o cabaz debaixo do braço. - Não há dúvida de que está no seu direito para agir assim, mas eu estou no meu ao não querer consentir em confiar-lhe o meu segredo.





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