Contos de Mistério - Cap. 5: A NOVA CATACUMBA
(The new catacomb) Pág. 109 / 167

- Aquilo que disse parece evidentemente muito lógico - respondeu. - O amor é uma palavra, veja bem, que, na sua complexidade, encerra um grande número de sentimentos. Ela agradava-me e... você que a viu, deve ter reparado como por vezes era encantadora. Enfim, ao fazer a análise do que então sentia, sou forçado a admitir que não a amava com amor.

- Nesse caso, meu caro Kennedy, porquê ter agido como agiu?

- Uma aventura, como sabe, sempre teve para mim muito encanto.

- Então as aventuras amorosas apaixonam-no a esse ponto?

- São elas que trazem variedade à existência. Foi um simples capricho que me atraiu a atenção. Na minha vida já apanhei muita caça, meu caro, e nenhuma me agrada sobremaneira do que uma jovem e bonita mulher. O que dava mais picante a esta aventura é que a bela era a dama de companhia de lady Emily Rood e que era quase impossível para mim conseguir encontrar-me com ela a sós. Entre todos os obstáculos que me atraíram e que devia ultrapassar, um sobretudo me fascinava: soubera pelos seus próprios lábios, logo nos primeiros tempos do nosso conhecimento, que estava noiva.

- Mein Got!E de quem?

- Nunca pronunciou o nome.

- Creio que ninguém conhece esse pormenor. E diz que isso tornava a aventura mais picante?

- Ora bem, sim! Era o picante, não concorda comigo?

- Estou, já lho disse, embora ignorante em tal matéria.

- Vejamos, meu caro, sabe bem que a maçã que cai da árvore do vizinho é sempre melhor do que a que cai do nosso.

Além disso, descobri que ela me amava.

- Como? Imediatamente?

- Ah, não. Precisei de quase três meses para ganhá-la.

Enfim, alcancei o objectivo. Ela compreendeu perfeitamente que, separado judicialmente da minha mulher, era-me impossível desposá-la, mas mesmo assim consentiu em entregar-se a mim; e confesso-lhe que passámos juntos momentos muito deliciosos, enquanto as coisas duraram.





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