Contos de Mistério - Cap. 1: O ANEL DE THOTH Pág. 11 / 167

O homem torceu as mãos com desespero; depois, recompondo-se graças a um poderoso esforço da vontade, fixou novamente o inglês com os seus olhos duros e perscrutantes.

- Isto não tem importância - disse numa voz trémula.

- No fundo, isto não tem importância nenhuma. Vim cá esta noite com um objectivo determinado, o que eu queria está feito; o resto não conta. Encontrei o que procurava. A velha maldição foi levantada. Posso agora alcançá-la. Que me importa, pois, este invólucro inanimado, se o seu espírito me aguarda do outro lado do véu?

- Que palavras insensatas! - disse Vansittart Smith, cada vez mais convicto de que se achava na presença de um louco.

- O tempo urge, devo partir - continuou o estranho indivíduo. - O momento a que aspirava há imenso tempo chegou; primeiro devo abrir-lhe a porta. Acompanhe-me...

Pegando na lanterna, deslocou-se na sala desarrumada, precedendo o estudante através das vastas salas egípcias, assírias e pérsicas. Por fim empurrou uma portinha colocada na espessura da parede e desceu uma escada de pedra tortuosa. O inglês sentiu a frescura da noite cair-lhe nos ombros. Uma outra porta em frente parecia dar para a rua. À direita, avistou uma outra entreaberta, que deixava coar um raio de luz no patamar.

- Entre aqui - disse concisamente o guarda. Vansittart Smith hesitava. Julgava-se chegado ao fim da sua aventura, mas apesar disso a curiosidade mantinha-se vivamente desperta. Quis afastar as dúvidas e seguiu resolutamente o seu estranho companheiro até ao quarto iluminado.

A sala era pequena e assemelhava-se a um cubículo de porteiro.

Um lume de madeira crepitava alegremente na chaminé; num canto um leito, noutro uma cadeira de madeira das mais grosseiras; no meio, uma mesa redonda na qual se viam os restos de uma refeição.





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