Contos de Mistério - Cap. 5: A NOVA CATACUMBA
(The new catacomb) Pág. 111 / 167

Se por acaso nos vissem os dois juntos, suspeitariam logo de que haveria mouro na costa.

- Não podemos tomar demasiadas cautelas - disse Kennedy. - Fica longe?

- A algumas milhas daqui.

- Não excessivamente longe para podermos ir a pé?

- Oh, não. Faremos o percurso sem cansaço.

- Sim, na verdade será melhor irmos a pé. Um cocheiro poderia suspeitar de alguma coisa se nos visse parar em pleno campo no meio da noite...

- Tem razão. Combinemos então um encontro para a meia-noite à porra da via Ápia. Agora devo voltar a casa para me munir de velas, de fósforos e das coisas necessárias.

- Vamos, está combinado, Burger! Você é realmente um verdadeiro amigo por ter-me assim posto ao corrente do seu segredo, e renovo-lhe a minha promessa de nada escrever a este respeito antes de você ter publicado o seu relatório. Adeus e até breve. Lá estarei à meia-noite na porra Ápia.

No ar frio e puro da noite faziam-se ouvir os carrilhões dos sinos da velha capital quando Burger, envolto num amplo sobretudo italiano e levando na mão uma lanterna, chegou ao local. Kennedy saiu da sombra e adiantou-se ao seu encontro.

- Traz para o trabalho o mesmo ardor que para o amor - observou o alemão, desatando a rir.

- Sim, há perto de meia hora que estou à sua espera.

- Suponho que não tenha avisado ninguém do objectivo da sua saída nocturna?

-- Claro que não! Mas, cararnbal, estou enregelado até aos ossos. Caminhemos depressa, Burger, para nos aquecermos um pouco.

Os seus passos ecoavam sonoros nas lajes grosseiras da antiga via romana que fora outrora a mais famosa do mundo.

De vez em quando cruzavam-se com um camponês que saía da estalagem e rumava para o domicílio, com algumas carroças de hortelões que se dirigiam à capital para o mercado da manhã.





Os capítulos deste livro