Contos de Mistério - Cap. 5: A NOVA CATACUMBA
(The new catacomb) Pág. 114 / 167

Em todas as direcções viam-se buracos escuros que formavam as galerias, todas elas convergindo para este ponto central.

- Será melhor acompanhar-me de muito perto meu amigo - disse Burger. - Não se detenha no caminho a olhar de um lado para o outro, porque o sítio onde vou conduzi-lo contém tudo o que pode desejar e mesmo mais, e ganharemos tempo indo para lá directamente e sem tardança.

Dirigiu-se logo na direcção de uma destas galerias, na qual se meteu, ao passo que o inglês, seguindo o conselho que lhe fora dado, caminhava por assim dizer colado aos seus calcanhares. De vez em quando a galeria entroncava noutra, mas Burger devia seguir sem margem para dúvidas algumas marcas secretas traçadas por ele antes, porque nem uma só vez precisou de parar nem sequer hesitar acerca da direcção que devia tomar. Em todo o lado, em todas as paredes, avistavam-se estendidos os corpos dos cristãos da Roma imperial. A luz amarela da lanterna enviava por vezes raios trémulos para as feições ressequidas das múmias e fazia reluzir os crânios arredondados e os compridos ossos dos braços cruzados sobre os esternos descarnados.

Enquanto prosseguia o caminho, Kennedy deitava de passagem um olhar de mágoa às inscrições, às urnas funerárias, aos frescos primitivos, aos ornamentos sacerdotais e aos vasos sagrados que ali tinham ficado na mesma posição em que mãos piedosas os haviam depositado muitos séculos antes. As espreitadelas rápidas que conseguira deitar de passagem tinham chegado para fazer-lhe compreender que esta catacumba era uma das mais antigas e uma das melhor conservadas de todas as de Roma, e que devia conter mais tesouros do que qualquer daquelas que um arqueólogo alguma vez explorara.

- Que nos aconteceria se a luz viesse a extinguir-se de repente? - perguntou enquanto prosseguia com rapidez.





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