Contos de Mistério - Cap. 7: O BOIÃO DE CAVIAR
(The pot of caviare) Pág. 143 / 167

O seu corpo está deitado próximo da poterna.

- E ninguém o viu?

- Por assim dizer, ninguém.

- O que significa que o viram?

- Ainslie tê-lo-á sem dúvida avistado do campanário da igreja. Deve saber que tenho novidades. Desejará conhecê-las. Se o puser ao corrente deverei informar toda a gente.

- Quanto tempo podemos ainda aguentar?

- Uma ou duas horas, no máximo.

- Sem nenhuma dúvida?

- Juro pela minha honra de soldado.

- É, portanto, a queda?

- A queda.

- E não nos resta nenhuma esperança?

- Nenhuma.

A porta abriu-se novamente. O jovem Ainslie precipitou-se no quarto. Atrás dele amontoavam-se Ralston, Patterson e uma multidão de brancos e de cristãos indígenas.

- Tem notícias, coronel?

O professor Mercer tomou a palavra.

- É o que o coronel Dresler estava a dizer-me. Está tudo bem. A coluna fez um alto, mas estará aqui amanhã cedo... Já não há perigo.

No grupo que ornamentava o limiar da porta rebentaram os aplausos. Riam, apertavam as mãos uns aos outros.

- Suponha, porém, que nos atacam antes de amanhã de manhã! - exclamou Ralston com impetuosidade. - É preciso que os nossos sejam rematados imbecis para não investirem! Cambada de mandriões que deveriam, até ao último, ser julgados num tribunal marcial!

- Está tudo bem. O inimigo recebeu certamente um rude golpe. Podemos vê-los a trazer centenas de feridos pela colina. Deve ter sofrido grandes perdas e não atacará antes da manhã.

- Não, certamente - confirmou o coronel-, não atacará antes da manhã. Mesmo assim, voltem para os vossos postos. Não devemos descurar um único ponto.

Abandonou o quarto com os outros. Mas, ao sair, lançou para trás um relance, e os seus olhos, por um segundo, encontraram os do velho professor.





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