Contos de Mistério - Cap. 1: O ANEL DE THOTH Pág. 17 / 167

Os meus laços estão quebrados, devo partir.

«E rodando nos calcanhares, desapareceu.

«Na manhã seguinte soube da morte do sacerdote de Thoth.

«Voltei a entregar-me ao estudo; queria a todo o custo descobrir o veneno que aniquilara o efeito do meu elixir. De manhã à noite fiquei curvado para o meu forno e os meus tubos de ensaio; recolhi preciosamente os papiros e os frasquinhos do sacerdote de Thoth. Infelizmente não me ensinaram nada. Por vezes uma palavra, um sinal enchia-me de esperança, mas não obtinha qualquer vantagem; contudo, os meses sucediam-se; não me cansei de trabalhar e quando o meu coração estava prestes a desfalecer, tomava o caminho da palmeira dupla. Aqui, diante do túmulo da minha bem-amada, parecia-me sentir a sua doce presença; confiei-lhe em voz baixa o meu desejo de me juntar a ela e a angústia do meu coração face àquele cruel enigma.

«Parmes afirmara que a sua descoberta se relacionava com o anel de Thoth. Recordava-me vagamente da jóia. Era um círculo largo e maciço, não de ouro, mas feito de um metal mais raro e mais pesado, oriundo das minas do Monte Arbal. Vocês chamam-lhe platina, creio. Ao que me lembrava, o anel tinha no centro uma ampola de cristal na qual se podiam conservar algumas gotas de líquido. Aproximando estas duas ideias, compreendi que o segredo de Parmes não residia unicamente no metal do anel, porque existiam no templo vários anéis de platina. O seu segredo devia visar, antes, o veneno precioso contido no cristal. Mal me detivera nesta hipótese, quando, ao reler os seus papéis com atenção, fiquei certo de que ainda restavam algumas gotas desta substância rara.

«Mas onde e como descobrir o anel? Não o usava na altura do embalsamamento; disso tinha eu a certeza. Também não se encontrava entre os seus pertences pessoais.





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