Contos de Mistério - Cap. 2: O LOTE N° 249
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- Está tudo bem - disse ele, deixando-se cair numa cadeira. - Era o idiota do cão. Tinha empurrado a porta. Não sei como, tinha-me esquecido de fechá-la à chave.

- Ignorava que tivesse um cão - disse Smith, contemplando meditativamente o rosto perturbado do companheiro. - Sim. Não o tenho há muito tempo. Devo livrar-me dele. Incomoda-me muito.

- Parece-me que puxar a sua porta sem fechá-la à chave seria suficiente, não?

- Quero impedir o velho Styles de deixá-lo sair. É um animal de valor, compreende? E seria estúpido perdê-lo.

- Sou amador de cães - disse Smith, continuando a vigiar o companheiro pelo canto do olho. - Talvez possa consentir em mostrar-mo?

- Naturalmente! Mas não esta noite, se não se importa. Tenho um encontro. O seu relógio trabalha bem? Meu Deus, já estou atrasado um quarto de hora! Vai desculpar-me, não é verdade?

Pegou no chapéu e abandonou precipitadamente a sala Um encontro? Smith ouviu-o voltar ao quarto e fechar a porta à chave do interior.

Esta conversa impressionou desagradavelmente o estudante de Medicina. Bellingham tinha-lhe mentido; e mentido tão desastradamente que devia ter motivos muito imperiosos para dissimular a verdade. Smith sabia pertinentemente que o seu vizinho não tinha cão. Sabia também que os passos que ouvira na escada não eram os de um animal. Nesse caso, de quem podia tratar-se? Smith recordou-se do que lhe dissera o velho Styies acerca dos ruídos que surpreendera quando o ocupante se encontrava ausente. Seria uma mulher? Smith encarou esta hipótese. Se a presença de uma mulher fosse detectada pelas autoridades universitárias, Bellingham seria imediatamente posto na rua; esta eventualidade podia explicar a sua ansiedade e as suas mentiras. Mas era impensável que um estudante mantivesse uma mulher em casa sem ser logo descoberto.





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