Contos de Mistério - Cap. 2: O LOTE N° 249
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Fosse qual fosse a explicação, não era certamente bonita! Smith, voltando para os seus livros, tomou a decisão de desencorajar qualquer nova tentativa de intimidade da parte do seu vizinho que falava tão bem e agia tão mal.

Mas estava escrito que não poderia trabalhar tranquilamente nessa noite. Mal retomara o fio à meada quando passos

pesados e firmes subiram três degraus de cada vez na escada, e Hastie, de blaser . e calças de flanela, entrou-lhe em casa.

- Ainda a trabalhar! - exclamou ao mesmo tempo que se deixava cair no seu cadeirão favorito. - Que marrão! Creio que se um tremor de terra reduzisse Oxford a escombros, você emergiria perfeitamente plácido no meio das ruínas, de livro na mão. Descanse, que não ficarei muito tempo. Três baforadas de tabaco, e raspo-me.

- Quais as novidades? - interrogou Smith, atacando com o indicador um pouco de tabaco no cachimbo.

- Não há grande coisa. Ah, sim! Soube que Long Norton foi atacado?

- Não. Atacado?

- Sim. Mesmo à esquina de High Street, a cem metros do gradeamento do colégio.

- Mas por quem?

- Ah, aí está a questão! Se tivesse dito o quê, e não quem, teria sido mais respeitador da gramática. Norton jura que não foi atacado por um ser humano; quanto a mim, a julgar pelas esfoladuras que tem na garganta, não estou longe de dar-lhe razão!

- Fale com clareza! Vamos brincar aos fantasmas?

Abercrombie Smith soprou o fumo com um desdém científico.

- Não, apesar de tudo. Pensaria antes que um feirante deve ter perdido um grande macaco e que o animal anda a passear. Norton passa por ali todas as noites, como sabe, e pouco mais ou menos à mesma hora. Uma árvore tem ramos baixos que pendem para o caminho: o grande olmo do jardim de

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ARTHUR CONAN DOYLE

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Rainy.





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