Contos de Mistério - Cap. 2: O LOTE N° 249
(The lot n. 249) Pág. 48 / 167

Tratava-se, sem dúvida, de uma corrente de ar, porque na velha torrinha as fissuras não faltavam. No entanto, tinha-lhe parecido perceber um ruído de passos junto dele. Quando emergiu no pátio ainda a reflectir neste incidente, um homem acorreu atravessando a relva.

- É você, Smith?

- Olá, Hastie!

- Pelo amor de Deus, venha imediatamente! O jovem

Lee afogou-se! Temos aqui Harringron do King's com a notícia. O médico saiu. Você bastará. Mas corra, meu velho! Ele talvez ainda não esteja completamente morto.

- Têm conhaque?

- Não.

- Vou arranjar. Há um frasco na minha mesa.

Smith trepou de quatro em quatro degraus os três andares, pegou no frasco, desceu a correr; mas quando passou em frente da porta de Bellingham, avistou algo que o imobilizou no patamar, ofegante.

A porta, que tinha fechado nas suas costas, encontrava-se agora aberta e, mesmo diante dele, iluminada pelo candeeiro, havia a caixa da múmia. Três minutos antes, estava vazia. Achava-se pronto a jurá-lo. Agora enquadrava o corpo esgalgado do seu horrendo inquilino que mantinha, sinistro e rígido, com a cara encarquilhada virada para a porta, e que parecia privada de vida; mas Smith teve a impressão, ~ força de contemplá-la, que ainda continha uma centelha de vitalidade, um vago sinal de consciência nos olhinhos escondidos no fundo das órbitas côncavas. Ficou tão atarantado que se esqueceu do acidente de Monkhouse Lee; quedou-se ali, especado

em frente da porta aberta, os olhos fixos naquela silhueta descarnada; a voz do amigo chamou-o à realidade.

- Vamos, Smith! - gritava ele. - É uma questão de vida ou de morte, meu velho! Despache-se!

Acrescentou quando o estudante de Medicina apareceu no pátio:

- Vamos numa corrida! Fica a menos de mil e quinhentos metros.





Os capítulos deste livro