Contos de Mistério - Cap. 2: O LOTE N° 249
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Uma meia lua emergia a oeste entre dois ornamentos piramidais góticos. Uma brisa ligeira impelia no céu pequenas nuvens algodoadas. Como o colégio ficava na raia da cidade, Smith depressa se encontrou no meio das sebes de uma vereda do Oxfordshire que cheirava a todos os perfumes de Maio.

Vereda pouco frequentada aquela que levava à casa do seu amigo! Apesar de a hora não ser avançada, Smith não encontrou vivalma. Chegou em frente do gradeamento que abria para a extensa alameda de saibro que subia para Farlingford. À sua frente, avistou as luzes vermelhas e delicadas das janelas que cintilavam através da folhagem. Deteve-se, a mão na corrente de ferro do gradeamento, e voltou-se para observar a vereda que tomara. Algo se deslocava rapidamente, corria na sua direcção.

Era uma forma sombria, agachada, que seguia ao longo da sebe, silenciosamente, furtivamente; naquele fundo escuro era quase invisível. No tempo em que a observou, tinha encurtado em vinte passos a distância que a separava dele. Ia lançada em sua perseguição. Das trevas emergiram um pescoço descarnado, e dois olhos cuja lembrança guardará até ao fim dos seus dias. Rodopiou e, soltando um grito de pavor, meteu-se na avenida a toda a velocidade das suas pernas. Ao fundo, havia as luzes vermelhas, a segurança a menos do lançamento de uma pedra. Smith era um excelente corredor; nunca correu tão depressa como nessa noite.

O pesado gradeamento tinha-se voltado a fechar nas suas costas, mas ouviu-o reabrir-se sob o impulso do seu perseguidor. Ao mesmo tempo que corria doidamente, prestava atenção ao pequeno ruído seco dos passos precipitados que se aproximavam de instante em instante. Lançou um relance de olhos por cima do ombro: o monstro saltava como um tigre nos calcanhares, com olhos rutilantes e um braço fibroso já estendido para apanhá-lo.





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