Contos de Mistério - Cap. 2: O LOTE N° 249
(The lot n. 249) Pág. 54 / 167

Graças a Deus a porta estava entreaberta. Viu a estreita barra de luz que o candeeiro da entrada projectava. O ruído dos passos ecoou atrás dele. Ouviu uma espécie de

cacarejo mesmo contra o ombro. Soltando um uivo atirou-se para o outro lado da porta, fechou-a com força e aferrolhou-a; depois deixou-se cair semidesmaiado no cadeirão da entrada.

- Santo Deus, Smith! Que se passa? - perguntou Peterson que apareceu no limiar da porta do escritório.

- Dê-me uma gota de conhaque!

Peterson desapareceu para tornar a surgir um instante depois com um copo e uma garrafa.

- Bem precisa! - começou quando viu o visitante engolir de um trago o que lhe tinha servido. - Meu velho, você está tão branco como um queijo.

Smith pousou o copo, levantou-se e aspirou um grande copázio de ar.

- Voltei a ser eu próprio - disse. - Nunca me tinha deixado abater assim. Mas, com sua licença, Peterson, dormirei aqui esta noite porque não creio que consiga defrontar esta estrada sem ser à luz do sol. É uma cobardia, sem dúvida, mas nada posso fazer.

Peterson examinou-o com um olhar inquisidor.

- Naturalmente dormirá aqui se o desejar. Vou dizer a Mrs. Burney que prepare o leito de repouso. Onde vai agora? - Suba comigo à janela que fica por cima da porta. Gostava de mostrar-lhe o que vi.

Postaram-se à janela de onde podiam observar os arredores da casa. A alameda, os campos que a ladeavam, estavam tranquilos e silenciosos à luz do luar.

- Realmente Smith - murmurou Peterson -, é bom eu saber que nunca se embriaga. Então o que foi que lhe meteu tanto medo?

70

ARTHUR CONAN DOYLE

CONTOS DE MISTÉRIO

li

- Vou dizer-lhe. Mas onde pôde ele meter-se? Ah, olhe, repare! Repare! Está a ver a curva da estrada, logo depois do seu gradeamento?

- Sim, estou a ver.





Os capítulos deste livro