Contos de Mistério - Cap. 2: O LOTE N° 249
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Não precisa de beliscar-me o braço. Vi passar alguém. Penso que é um homem aparentemente magro, e alto, muito alto, Mas quem é? E que tem ele a ver consigo? Está a tremer como uma folha de álamo!

- Estive a dois dedos de ser agarrado por este demónio, eis tudo! Mas desçamos ao seu escritório e contar-lhe-ei toda a história...

O que fez. Debaixo do candeeiro alegre, um copo de Porto na mão, diante do rosto feliz do amigo, narrou todos os acontecimentos, pequenos e grandes, que se encadeavam tão singularmente.

- Aqui tem o caso - concluiu. - É monstruoso, incrível e, no entanto, verídico.

O doutor Plumptree Peterson permaneceu sentado sem falar, visivelmente muito intrigado.

- Nunca ouvi uma coisa assim em toda a minha vida!

- disse por fim. Entregou-me os factos. Dê-me agora as suas

deduções.

- Só tem que tirar as suas próprias deduções!

- Sim, mas gostava de conhecer as suas. Reflectiu

demoradamente sobre o caso, eu não.

- A minha conclusão será, forçosamente, ,um pouco vaga nos pormenores, mas os pontos principais parecem-me bem claros. Este Bellingham, nos seus estudos sobre o Oriente, aprendeu um certo segredo infernal graças ao qual uma múmia, ou talvez apenas esta múmia pode ser provisoriamente trazida à vida. Estava a experimentar este truque repugnante na noite

em que desmaiou. Sem dúvida o espectáculo desta criatura ao pôr-se a mexer foi demasiado forte para os seus nervos, mesmo que já estivesse à espera. Lembra-se de que as primeiras palavras que ele pronunciou serviram para qualificá-lo de idiota. Em seguida robusteceu-se e perseverou sem desmaiar. A vitalidade que conseguiu injectar na múmia não passa de uma vitalidade passageira, porque a vi não sei quantas vezes na sua caixa, tão inanimada como esta mesa.





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