Contos de Mistério - Cap. 3: O SOLAR ASSOMBRADO DE GORESTHORPE
(The haunted grange of Goresthorpe) Pág. 72 / 167

Vou mandar-lho, a menos que receba da sua parte indicação contrária por telegrama.

A carta terminava com alusões incoerentes a um cheque, e trazia a assinatura do meu afeiçoado primo John Brocket.

Quase não preciso de acrescentar que não utilizei o telégrafo, e que aguardei com a maior impaciência a chegada de Mr. Abrahams.

Apesar da minha crença no sobrenatural, tive imensa dificuldade em convencer-me do facto de que um mortal pudesse ter no mundo dos espíritos influência suficiente para fazer negócios com eles e trocá-los por ouro puramente terrestre.

Contudo, Jack tinha-me dado a sua palavra de que um tal negócio existia, e eis que me aparecia um cavalheiro provido de um nome hebreu e que estava pronto a dar disso a demonstração mais positiva.

Como o fantasma género século XVIII de Jorrock pareceria vulgar e terra-a-terra se eu conseguisse arranjar uma verdadeira aparição medieval!

Estive mesmo quase a acreditar que me tinham mandado um antecipadamente porque, à noite, quando dei uma volta pelos fossos antes de ir deitar-me, tinha avistado uma silhueta sombria que estava ocupada a examinar o mecanismo do meu restrilho e da minha ponte levadiça.

Não obstante, o brusco movimento que a surpresa lhe provocou e o modo como se eclipsou na escuridão, convenceram-me logo da sua origem terrestre, e supus que fosse simplesmente algum admirador de uma das pessoas do sexo feminino que compunham o meu séquito, que se desesperava à vista do Helesponto de lama que o separava do objecto do seu amor.

Fosse lá quem fosse, desapareceu, e não mais se mostrou, se bem que eu tivesse continuado a passear durante algum tempo, com a esperança de lhe lançar um olhar furtivo e exercer sobre a sua pessoa os meus direitos feudais.





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