Contos de Mistério - Cap. 4: DE PROFUNDIS
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Eu fora durante muitos anos o seu agente em Londres e quando no ano 72 veio passar a Inglaterra três meses de férias, pediu-me que lhe proporcionasse as apresentações necessárias para poder frequentar a vida social de Londres e das províncias. Provido de sete cartas, saiu do meu escritório e durante muitas semanas foram- -me chegando, de diferentes partes do país, curtas missivas em que me anunciava que os meus amigos o haviam acolhido favoravelmente. Em breve chegou-me a notícia de que se tinha comprometido com Emily Lawson, da linhagem menor dos Hereford Lawson e, mesmo colada a este rumor imprevisto, a de que se tinha consorciado, porque o noivado de um viajante tem que ser breve, e aproximava-se rapidamente a data em que teria de empreender a viagem de regresso. O casal iria para Colombo num dos navios de mil toneladas, propriedade da firma, e essa seria a sua principesca lua de mel, em que se uniriam o prazer e a necessidade.

Eram aqueles os tempos magníficos das plantações de chá em Ceilão, antes de uma única estação e um fungo devastador arrastarem um povo inteiro, através de muitos anos de desespero, para uma das maiores vitórias comerciais que a coragem e a inteligência alguma vez ganharam. Não ocorre com frequência que os homens, perante o espectáculo do derrube de uma sua grande indústria, tenham ânimo suficiente para criar em poucos anos outra destinada a substituí-la, e os campos de chá de Ceilão constituem um autêntico monumento erigido à coragem, muito idêntico ao do leão de Waterloo. Mas no ano 72 ainda não se via nenhuma nuvem no horizonte, e os plantadores tinham pela frente perspectivas tão risonhas e tão altas como as ladeiras das montanhas nas quais cultivavam as suas colheitas. Vansittart veio a Londres com a sua jovem e bela esposa.





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