O Sinal dos Quatro - Cap. 3: 3 - À Procura de uma Solução Pág. 21 / 133

A situação era curiosa. Dirigíamo-nos para um destino desconhecido, numa missão desconhecida. Mas, ou o convite que nos fora feito se tratava de um logro - o que era uma hipótese absurda - ou então tínhamos bons motivos para pensar que nos esperavam importantes acontecimentos no fim da viagem. O comportamento da Menina Morstan era, como sempre, resoluto e calmo. Tentei animá-la e diverti-la com reminiscências das minhas aventuras no Afeganistão; mas, para dizer a verdade, eu próprio estava tão excitado com aquela situação, tão curioso acerca do nosso destino, que as minhas histórias se tornaram um pouco confusas. Disse-me ela, posteriormente, que lhe contara um emocionante episódio em que um mosquete olhara para dentro da minha tenda, certa madrugada, tendo eu disparado sobre ele uma cria de tigre de dois canos. A princípio ainda fazia uma ideia da direcção que tomáramos; mas, em breve, devido ao nosso andamento, ao nevoeiro e ao meu limitado conhecimento de Londres perdi todas as referências e nada mais soube excepto que parecia tratar-se de uma longa viagem. Sherlock Holmes, pelo contrário, nunca em falta, murmurava os nomes das praças e tortuosas ruas secundárias por onde a carruagem ia passando.

- Rochester Row. Agora Vincent Square. Agora entrámos na Vauxhall Bridge Road. Parece que nos dirigimos para os lados de Surrey. Sim, creio que é isso. Agora estamos sobre a ponte. Consegue-se vislumbrar o rio.

Na verdade tivemos uma fugaz visão de um trecho do Tamisa, com os candeeiros a brilhar sobre as extensas e silenciosas águas; mas a carruagem movia-se rapidamente e logo entrou num labirinto de ruas na outra margem.

- Wordsworth Road - disse o meu companheiro. - Priory Road. Lark Hall Lane. Stockwell Place. Robert Street. Cold Harbour Lane. A nossa investigação parece não nos levar para zonas muito elegantes.





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