O Sinal dos Quatro - Cap. 4: 4 - A História do Homem Calvo Pág. 25 / 133

Podemos bem resolver tudo entre nós sem qualquer interferência. Nada desagradaria mais o mano Bartholomew do que qualquer tipo de publicidade.

Sentou-se sobre um canapé baixo e fitou-nos inquiridoramente, piscando os olhos cansados e aguados.

- Pela minha parte - disse Holmes -, tudo o que nos resolver contar ficará entre nós.

Acenei afirmativamente em sinal de concordância.

- Muito bem! - disse ele. - Aceita um copo de Chianti, Menina Morstan? Ou de Tokay? Não tenho outros vinhos. Posso abrir uma garrafa. Não? Bem, então espero que não vos incomode o fumo do tabaco, o odor balsâmico do tabaco oriental. Estou um pouco nervoso e o meu narguilé é um sedativo precioso.

Acendeu-o com um pavio e o fumo borbulhou alegremente através da água de rosas. Sentámo-nos os três em semicírculo, com a cabeça inclinada para a frente e o queixo assente nas mãos, enquanto o estranho homenzinho de cabeça brilhante, ao centro, dava sucessivas cachimbadas.

- Quando decidi fazer-vos esta comunicação – disse ele - pensei que podia dar-vos a minha morada; mas receei que não acedessem ao meu pedido e trouxessem convosco gente indesejável. Tomei a liberdade, portanto, de marcar um encontro de modo a que o meu empregado Williams vos pudesse ver primeiro. Confio inteiramente no seu discernimento, tendo ele ordens para não vos trazer se tivesse dúvidas. Desculpar-me-ão estas precauções, mas sou uma pessoa reservada, diria mesmo, refinada, em questões de gosto e nada há de mais inestético que um polícia. Tenho uma natural repulsa por todas as formas de materialismo grosseiro. Raramente entro em contacto com as multidões. Vivo, como vêem, num ambiente de certa elegância.





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